segunda-feira, 22 de maio de 2017

104 - A CRISE DE IDENTIDADE


Um importante psicanalista, Erik Erikson, considera que a principal “tarefa” do adolescente seria a aquisição da identidade do ego. Aliás, é de suas teorias que surge a famosa expressão “crise de identidade.” O jovem cumpriria essa tarefa por meio de vários processos, sendo os mais importantes as identificações. Através da negação de umas e da absorção de outras, gradualmente se cristalizaria a identidade adulta.

Para obtê-la, o jovem precisaria de um “tempo”.

Um período de experiências e adiantamento de compromissos. No caso de esse tempo for mal aproveitado, surgiria a “confusão de identidade”, gerando angústia, passividade, dificuldades de relacionamento. Um outro risco seria a aquisição de uma identidade negativa, baseada em identificações ruins, mas apresentadas durante a vida do jovem como as mais reais.

O apaixonar-se, tão freqüente na adolescência, seria para Erikson de natureza menos sexual do que em idades posteriores. Seria antes uma tentativa de projetar e testar o próprio ego por meio de outra pessoa, identificando-se com ela e clareando sua própria identidade.

Associada à noção de identidade estaria a de ideologia, que expressa as idéias do grupo social. Ela funcionaria positivamente, confirmando a identidade do indivíduo, reconhecendo-o como parte integrante da sociedade. Assim, a aquisição de uma ideologia permitiria ao jovem resolver os seus principais conflitos, fugir da “confusão de valores”, e lhe daria acesso à vida social.


Erikson afirmava que os sistemas totalitários exercem atração sobre o jovem, pois fornecem identidades convincentes e rígidas, e portanto, facilmente assimiláveis. A identidade democrática seria menos atraente, pois envolve a liberdade de escolha, em vez de fornecer uma identidade imediata.